sexta-feira, setembro 21

Como um rio...

         Dizem por aí que águas paradas não movem moinhos. Mas águas calmas geralmente são as mais profundas e seguem lentamente, sem percebermos, seu curso natural. Me sinto assim, como um rio que lentamente, e sempre, corre em direção ao mar. A vida segue...querendo nós, ou não. Ela segue e em seus passos ora lentos, ora agitados, nos leva adiante, nos empurrando rio abaixo.

          Assim estou eu, navegando entre os caminhos que a vida escolheu. Já lá nos meados de 2005, quando recebi meu diploma universitário, a música que embalou o meu momento dizia: "Vou deixar a vida me levar para onde ela quiser, seguir a direção de uma estrela qualquer. Não tenho hora para voltar, não. Conheço bem a solidão me solta, e deixo a sorte me buscar!" - Profecia? Talvez! Mas não poderia ter escolhido trilha sonora melhor....
    
             Quando dá aquela reviravolta em nossa rotina, parece que nada mais vai se encaixar, que tudo ficou perdido, caído, esquecido em um canto qualquer...são horas de aflições que não escorrem. São dias onde o cinza escuro parece ter apagado todas as outras cores. São saudades misturadas a porques sem fim. Lágrimas secas ao vento...passos dados a esmo. Mas a água, que parece parada, segue. Corre lentamente, por mais paradoxo que isso possa ser. 

             Então o cinza escuro deixa o branco entrar, e as cores começam a aparecer em uma aquarela pálida, mas viva. O fluxo da vida, que seguiu em quanto a gente se lamentava, já está tão longe que tudo começa a perder sentido. É olhar para trás e ver o novo caminho que estamos a fazer. E é tudo tão diferente... Então as ruas passam a ter sentido, os caminhos conhecidos. E você descobre que a vida segue seu rumo fixo, sempre olhando em frente. E sem teimar, a água resbala pelas pedras, as contorna, mas segue firme até desaguar no mar.

               O que não fazia sentido, não tinha vida, cor, sabor começa a dar graça ao dia-a-dia. Por mais dolorido que seja deixar para trás o que se conquistou é saboroso começar a conquistar novas trilhas e desbravar novos territórios. As águas, do rio e do mar juntas, deixam de ser lentas, calmas. Se agitam, formam ondas, batem com força nas pedras e molham os pés que observam o balé do mar. 


                 Como um rio que segue, eu segui. E como as águas que se encontram, eu me encontrei. E por mais que tudo pareça sem sentido algum, a vida que segue sempre nos mostra a direção exata do caminho. Obrigada, vida!

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